Dias de Festa

Crônicas e poesias constantes de meu livro "Dias de Festa"

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Location: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Tenho um espaço em branco a ser preenchido. Nossa! Isso ao mesmo tempo em que intimida, me move. Divido com páginas em branco meus pensamentos. Mas não me basta dividir pensamentos, tenho que organiza-los e isso intimida, mas não a ponto de me fazer desistir. Escrevo simplesmente o que me vem à cabeça. Olho pra tudo que escrevi e muitas vezes acho graça. Quanta bobagem! Aí é que vem o melhor. Ter de organizar tanta bobagem! E sabe que até se tira proveito de algumas??? É, muitas bobagens sérias me vêm à cabeça e estão sendo organizadas e publicadas aqui, são parte do meu livro: “Dias de Festa”. E já têm outras bobagens alinhavadas. Espero poder dar conta das coisas que tenho em mente. Bobagens? Não, nunca! São sonhos a serem realizados. Quem eu sou? Uma idealista. Profissionalmente, uma publicitária de formação metida na área de comunicação, em qualquer setor. Aqueles que possam extrair de mim, o melhor de mim. "Dias de Festa", são crônicas e poesias do meu livro. "Com Textos", são meus textos de um contexto onde estou inserida, em dias nem sempre de festa. "Juntou" tudo e eu vou jogando aqui, quando não sei exatamente onde jogar, ou como jogar.

Saturday, July 21, 2007

Peguei o ônibus das 5

Podia ser qualquer um. Mas o ônibus das cinco é especial.
É porque ele vem mais lotado.
E se ele vem mais lotado, tem também maior diversidade.
Crianças, adultos...
Peões, intelectuais...
Todos disputam um lugar.
Já tinha até esquecido como era o ônibus das 5!
É a hora de saída das escolas.
Saída estratégica pra mim.
Sento naquele banquinho, que ainda tem vago, e fico só observando.
Sobem aquelas mães, tão estressadas quanto eu, cheias de filhos e mochilas. E falam, o tempo todo.
Os filhos?! Melhor nem falar...
Mas tem também um filho sem pais, ele já ta grandinho, pré-adolescente, que nem minha filha, tentando se auto-afirmar.
Acho que por isso estava de cabelo em pé! Duro, e seguro pelo gel. E ele seguia a viagem, como eu, somente a observar.
Mas, o coletivo começou a encher e encher.
E o cabelo dele a desabar, desabar...
E aquele professor da UFSC, ficou se jogando pra cima e quase caiu aos meus pés.
Hum! Que pena, não fosse o quase, até que valia a pena!
É, mas tem também muita gente estranha dentro desses coletivos. Acho que eu sou uma!
E até aquela coceira nas mãos resolvi ter, dentro do ônibus lotado!
E agora, nem sei se vou ter espaço, mas a minha simpatia, não dá pra perder, sempre dá certo.
E assim, dou três tapinhas na mão e...zás, com a mão pra dentro do sutiã!
Mas teve alguém interessado:
- Isso é simpatia?
Nem respondo, finjo que não é comigo, talvez, se fosse aquele professor...
E a mulher sorridente? Uma verdadeira simpatia!
Vinha se arrastando, com sua bengalinha, mas sorria.
Não era uma velhinha. Devia ter a minha idade. Estava doente. Tinha sofrido um acidente, há 4 anos, e todo o mês, uma vez por mês, pegava aquele ônibus, lotado, pra receber o seguro pelo acidente. Sorria e vinha conversando!
É, tem mesmo que sorrir para a vida, ter felicidade.
Investir e acreditar.
Ontem assisti a uma entrevista de um ex-presidiário. Uma lição de vida.
Um cara que sobrevive a um lugar desses, sai ileso, e ainda feliz, só pode mesmo estar nessa vida pra ensinar algo.
A história dele se repete, como tantas que já se ouviu falar, mas o desfecho, é interessante.
Pai ruim, pra lá de ruim, e desde cedo, ele se meteu nas drogas, no roubo....
Foi parar naquelas instituições que servem pra re-socializar.
Ham???
Difícil acreditar que aquelas instituições sirvam mesmo pra isso. Melhor acreditar nas pessoas, no caráter, na persistência, na vontade de viver e ser feliz.
E ele acreditou.
Mesmo em uma cela três por quatro, acreditou em um futuro melhor.
E através dos canos das privadas, batia papo com os parceiros, pra não pirar, até que um dia encontrou um anjo, que muitas vezes, muitas pessoas encontram pelo caminho e nem percebem. Ele encontrou um poeta.
Um poeta!
Que além de escrever, havia lido, muitos, muitos textos lindos.
E contava histórias, e despertou a curiosidade dele. E ele também começou a ler, ler muito, e escrever...
E dentro daquela cela, três por quatro, ele construiu um mundo particular
Seu futuro
E livre das grades, sem nenhuma instituição re-socializante, a não ser ele mesmo, ele tem um futuro.
É um escritor, com uma lição de vida, de persistência, de fibra, de crença!
A vida é assim. É para quem acredita em cada dia e faz dele um dia diferente, mesmo fazendo o mesmo trajeto, todos os dias.
Um dia, a gente chega lá!
Em qualquer trajeto, em qualquer horário...
Nem que seja no ônibus das 5!

Saturday, April 21, 2007

Água


Banhos, banhos, muitos banhos
Essa é justamente a atração das termas da Guarda
Banhos!
Que tal dar uma embelezada no rosto, heim?
Lama!
Lama é muito bom para a pele, desobstrui os poros, afina a derme...
E dê-lhe banho de lama
Uma massagem, quem sabe?
Banheira de hidromassagem
E dê-lhe banho de banheira
Ah, que massagem!
O quê vamos fazer agora, heim?
Ah, tá, a piscina...
Quente ou fria?
E dê-lhe piscina
Águas, bem quentes, daquelas que baixam bastante a pressão
Nada, nada, nada...
E nada acontece
Ai, minha adrenalina, onde anda minha adrenalina?
Vamos lá fora, tem uma piscina bem grande, com sol e tudo!
E nada e nada e nada...Deu pra natação!
Vamos agitar esse hotel!
Não tem nenhuma lojinha aqui, não?
É deu pra comprar um biquíni.
Não sei porque aqui só vendem biquínis e roupões
Ah, têm pijamas, também!
É porque aqui também se dorme
E sobe pro quarto
Vamos...
Tomar um banho, mais um, e descer para jantar, depois, até vai rolar uma canastrinha
E come, e come, e come...
E cadê a canastrinha?
É, hoje não rolou!
Tudo bem, vamos subir e ver televisão, dormir, de pijama novo e amanhã acordar, colocar o biquíni novo, e descer pra???
Quais serão as opções amanhã?
Banho de mangueira, de lama, de banheira, de piscina quente ou piscina com sol, heim?
O que vamos fazer amanhã?
Todos me olharam já prontos pra me esganar.
Porquê será?
Ah, tá, já sei, é que o fim de semana deles deve estar super emocionante, bastante agitado, muitos banhos!
Mas, o dia seguinte até que foi, digamos, diferente!
Visitamos o hotel ao lado e até que usufruímos daqueles banhos diferentes, pra quebrar a rotina.
Também fizemos uma visita ao local onde engarrafam as águas naturais.
Isso, vou me afogar, quem sabe não coloco um pouco de emoção nesse passeio?
Novamente me fuzilaram com o olhar!
Mas o retorno pra casa até que foi legal. Não tinha água!
Mas, sei lá, se pra brincar comigo, o destino resolveu me colocar de frente com um engarrafamento.
Bem à minha frente!
E eu fiquei horas na estrada, sol a pino, suando...
Até que andava com saudades dessa vida agitada!
E depois de tantas horas, pedi água,
Um banho, só quero um banho, pra relaxar!
Vamos voltar para a Guarda, pessoal?

Sunday, April 15, 2007

Em Coro


Oh, moço, esse ônibus vai pro terminal da Trindade?
O ônibus inteiro ouviu a pergunta e quase respondeu em coro,
Ah não, pensei, em coro não! A essa hora da manhã, em coro? Não, por favor!
Parece que ouviram minhas preces, e o moço, somente o moço respondeu
Mas ela não se contentou e três quadras depois...
Oh moço, esse ônibus vai...
Aí, dois já resolveram responder
Eu, um tanto irritada, fiquei quieta
Mas o trajeto era longo...
Oh moço...
Quatro responderam
Eu continuava quietinha,
Mas a viagem parece que justo nesse dia, não tinha mais fim
E ela insistia e cada vez mais gente respondia
Em coro!
E quando chegamos no terminal da Trindade fui obrigada também a fazer coro:
- É esse o terminal, DONA!
- Da trindade? Pergunta ela.
Desisto e sigo apressada para pegar o terceiro ônibus, rumo a minha labuta diária
E na volta pra casa, quando esse assunto já estava esquecido, naquele último ônibus, eu ouvi:
- To no latão!
O garoto falando no celular ( celular, aquele que a gente divide parte da nossa vida com todo mundo)
Mas, o interlocutor dele parece que não entendeu muito bem o que ele disse
- To no latão! Repete o garoto.
Fecho os olhos, afinal esse é o sexto latão da minha longa jornada...
(desnecessário dizer o que deveria ser)
E quando penso que a história do latão está definitivamente encerrada, ele, o garoto do celular repete a famigerada frase
Desisto! Desisto de ficar tão quietinha e levanto para o incentivo:
- Vamo lá gente, vamo lá: Tô no latão!
To no latão! Dizem todos. Em coro!
Estamos todos no latão!
Deu pra entender, ou ta difícil???
Latão é assim mesmo, ninguém entende nada, mas todo mundo fala em coro (cada um uma coisa, mas em coro)
Um burburinho só!

190 (08/04/06)


É acho que está chegando a hora de finalmente escrever essa história. Bombeiros!
E tem alguém batendo na minha porta agora, minha turma, talvez na ânsia de interromper mais uma vez, uma história que estou guardando há, acho que quatro anos.
Começou com aquele ...
Mas espera aí, vou baixar o som!
Cheguei em casa com o som do carro, tinindo
Nessa época, ainda tinha carro, com som, e vários, vários cds.
Véspera de feriado, folga no dia seguinte, estava comemorando. Há quanto tempo não tinha uma folguinha em feriado.
E vinha com o som a todo volume, carro na garagem!
Bem, decidi não levar os cds, deixei no carro, mas tive o cuidado de tirar a frente do aparelho e ainda botar a tampinha, pra fingir que não havia cd nenhum.
Pra quê? Ladrão saca de longe!
Eles fuçam mesmo, e ainda deixam recadinho:
- Pegamos emprestado!
Folgados!
Levaram meu aparelho de cd e os cds que não quis eu levar pra dentro de casa, justo naquele dia.
Sim, aquele dia que resolvi dormir com as janelas abertas.
E o ladrão entrou pela minha janela.
Foram dois ladrões. Um lá em baixo, no meu carro, outro aqui em cima, mas esse, só percebi pela manhã, quando aquele tum, tum, tum me acordou, em pleno feriado
Levantei, com os olhos fechados, mas tinha que conferir que barulho era aquele, afinal...
E vinha da cozinha.
Tum, tum, tum na porta do meu refrigerador.
Naquela hora, a única coisa que me ocorreu foi pegar o telefone.
Porém, o único telefone da casa estava na cozinha.
Fui direto pra cozinha.
Aiioioiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Fechei a porta correndo!
É a porta da cozinha é de correr
Mas, eu não corri, permaneci ali, na sala, estatelada pelo susto e recuperando o fôlego e as forças, pra conseguir dar uma empurradinha na porta, só uma, de leve, sem que ele percebesse e eu pudesse enfiar a mão e alcançar o telefone.
Abri uma frestinha, espichei o olho...
Ufa, ele não me viu! Puxei o telefone e disquei:
190!
Aí ele veio voando, pra cima de mim, mas eu fui mais rápida, corri a frestinha da porta de correr e gritei de novo:
- Aiioioiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Todo mundo acordou e veio fazer coro ao meu Aiioioiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Ai, ai, ai. Os vizinhos!
Opa! Não tem vizinho nenhum, o prédio tá vazio. Por isso roubaram meu som. E agora o meu sossego.
- Esse ladrão, aonde anda heim?
Acho que se assustou com tanta gritaria e resolveu sumir
Mas ainda tinha um problema a resolver: Acalmar a gurizada que gritava sem parar e tentar falar com o atendente do 190!
Tem um morcego voando na minha cozinha, e um monte de crianças na volta berrando!
A sra disca para ...
Sei lá pra onde mandaram discar
Mas, disquei, deram todas as coordenadas pra mandar o bicho embora e eu respondi:
- Até agora o que fiz foi berrar e ligar pra vocês, e ele sumiu!
- Se sumiu, tá tudo tranqüilo então, né, disse ele, debochado
- Nem tanto, moço, nem tanto...
E estiquei o braço com o telefone em punho pra que ele ouvisse a gritaria... Aiioioiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Depois disso, respondi novamente: É, tudo tranqüilo e desliguei o telefone fula da vida.
Mas nada estava tranqüilo de fato. É que passamos o dia inteiro procurando o tal morcego.
Não que a gente goste de morcego, mas precisávamos ficar, digamos, tranqüilos de verdade. E ele não se encontrava em nenhum cantinho da casa.
Bom, tocar a vida, normal. E a minha filha até se arriscou a entrar novamente na cozinha e fazer um bolinho.
Bolinho! É isso!
Se ele se escondeu atrás do fogão, vai morrer torrado!
E, às dez da noite, hora do sossego, sento na minha poltrona, fecho o olho que o tal morcego fez abrir tão cedo, e a Juju vem pro colo.
A casa toda iluminada (essa era uma das coordenadas pra espantar o bicho)
- Aiioioiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
A Jú grita no meu colo, e eu já pregada, vôo pra cima do morcego, de olho fechado e chinelo em punho...e ele voa pela casa.
Giros de 90, 180, 360. Começo a tontear, não vou dar conta!
Melhor discar pro 190!
- Mas, minha senhora, a gente já disse que não atende esse tipo de ocorrência!
- Mas, meu senhor, o senhor não tem idéia do que está ocorrendo na minha casa!
Estiquei novamente o braço com o telefone em punho e....
- Aiioioiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Ahaha! Fui convincente!
- Oinoinoinoin! (Sirene!)
E aquele caminhão de bombeiros estacionou bem na minha porta!
Cinco! Desceram cinco! Cada um maior que o outro.
E ainda teve mais um, que ficou de plantão lá em baixo, caso o bicho fosse teimoso e resolvesse dar uma volta de 190, de volta, pra porta do meu refrigerador.
E aqueles cinco, subiram o elevador, fazendo piada.
É que a TV Globo andava passando uma novela chamada O beijo do Vampiro, e tinha um de mangueira em punho, fazendo gracinhas com a tal novela e com a minha cara, é lógico!
Ainda bem que o vampiro deu trabalho pra eles também. Fuçaram em todos os cantos e não encontraram o bichinho.
- Não! Ah, não! Vocês não vão sair daqui sem levar o tal morcego. Senão, vocês correm o risco de ter que voltar amanhã pra atender essa ocorrência!
E os cinco colocaram as suas luvinhas e caçaram o tal bichinho. Bem no cantinho da janela do meu quarto.
Pude então pregar o olho e dormir...
Com as janelas bem fechadas!
Dois anos depois, volto a cruzar com eles. De plantão!
É que lá na Rádio, onde eu trabalhava, o plantão de polícia, levou um tal bombeiro, 190, a nos fazer uma visitinha.
Bombeirão!
Será que todos eles são assim? Tão grandes?
190!
190 de altura?!
E o tal 190 nos visitou, pra conhecer o estúdio da Rádio e combinar alguns detalhes que não ficaram muito claros pelo telefone, naquele dia em que a Fê ligou.
- Que voz eles têm, diz ela
- Pior quando eles entram na tua casa gozando! Digo eu
- Como é que é????
- Deixa, Fê, um dia te conto essa história.
E contei afinal, acabei de contar!
E ela foi para o telefone, ligeirinho, falar com o bombeiro
- To com a página aberta ...
Tá muito bem feita a página, diz ela (jogando charme pro 190!)
- Claro, hum, ru, ah sim!
Sinto muito, mas isso foi exatamente o que ouvi daquela conversa telefônica entre a Fê e o bombeiro 190!
É o que posso contar, mas o que a gente pode deduzir daí é que pelo menos, aquela visita prometida, aos estúdios daquela rádio, hoje falida, o tal bombeirão fez.
E um ano depois, o 190 continua ativo!
Sei lá se na imaginação da Fê! Mas, que os bombeiros têm rendido muitas pautas, ah, isso têm!
E o tal major, ou comandante, ou soldado, ou cabo, é, eles todos, são sempre muito gentis.
Mas, às vezes atrasam. Talvez atendendo alguma ocorrência!
E o bombeiro de quem esperava um retorno, não dava retorno.
E a minha estagiária, tão folgada quanto aquele bombeiro do elevador, resolveu deitar e rolar. Isso lá na tv.
- O comandante mandou dizer que andas muito folgadinha, diz a estagiária, insinuando algo mais! E essa estagiária, nem número tem!
Folgada!
Número mesmo tem o comandante. Pelo menos na altura.
190!
E as pautas com os 190, continuam rendendo e até fazemos homenagens a esses homens tão...
GRANDES!
E tem um vt, onde um bombeiro canta. Ele canta! Ainda por cima, é cantor e canta o hino dos bombeiros!
190!
Mas não foi nenhum 190 que me levou até àquele bombeiro.
Esse não apaga fogo. Não corre com morcegos, mas, acho que até afoga o ... (melhor ficar quieta!)
Ah, e ele também é grandão! Acho que 190 e alguma coisa de altura.
Sua rota é o mar...
Navegar...
É, o 190 anda de plantão, acho que vou ter um amigo Bombeirão!

Saturday, April 14, 2007

Serenata (04/09/06)


Brega, sertanejo, instrumental, rock, samba, pagode, mpb, clássicos!
Uma mistura de estilos de desafinar qualquer Pavarotti!
Isso, Pavarotti, pensava em ouvir Pavarotti agora
- Vóoooooooooooooooooooooooooooo!
- Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!
Mas, a sinfonia aqui em casa é outra
E meu cachorrinho ainda resolveu aderir em uma ópera toda particular, ele e seu amiguinho...
- Au, au, au, au, au, au...
Com ecos rua afora, despertando todos os vira-latas da redondeza!
Bem na minha sacada!
Música na sacada!
Era isso que muitas vezes ouvia na minha adolescência!
E me reporto àquele tempo em que, como hoje, pensava em ouvir uma melodia e era obrigada a ouvir uma serenata, muitas vezes, desafinada,
Tão desafinada quanto os latidos que ouço agora, na minha sacada.
Mas soavam como um Pavarotti.
Meninos cantando meninas, naquela idade em que a alma desperta para o amor e o corpo ferve ao soar de uma simples serenata. Mesmo que completamente desafinada.

Friday, March 30, 2007

Coisas

Tenho participado de uma verdadeira festa todos os dias.
Estão bonitos esses dias que antecedem o natal em Florianópolis.
O centro sempre fervilhando! Só não dá pra distinguir a música!
É um misto de flauta, com sons nas lojas a todo o volume, corais, pagodes, sambas, bandinhas de papai-noel, uma verdadeira farra.
Sem contar os sons das pessoas. O vai-e-vem, ruídos, falas, disputando com os ambulantes, quem chama mais a atenção.
No Mercado Público, todos se aglomeram. É gente, da terra, os manezinhos, fazendo a sua festa e saudando, a sua maneira, àqueles que chegam de fora para viver essa festa.
E as falas se misturam com os ruídos, ensurdecedores, gentes de todas as línguas, falam a sua língua, e todos se entendem.
É o espírito de natal festivo em Florianópolis.
Senti saudades do Aldírio hoje. Juro que vi o Aldírio, sentado ali no Mercado, bebendo a sua cervejinha e se preparando pra fazer mais um Bar Fala Mané, rodeado de amigos, amigos do Bar, amigos que chegam de fora, amigos da terra.
Mas, o Aldiríro não estava lá. Mas eu vi, ou quis ver!
Meu amigo Aldírio Simões!
Meu pombo! Ou melhor: Mô pombo!
Um tanto tímido, jeitão de Aldíro. E vi também o Irê. Meu amigo Irê, de toquinha de Papai Noel, fazendo hohoho!
Mas só quando o Aldírio perguntava para ele: Papai Noel rói unha???
E ele prontamente corrigia: a pergunta não é essa, Aldírio, faz de novo.
E o Aldírio fazia a mesma pergunta de forma diferente:
Você rói unha papai Noel?? Rôo, rôo, rôo! Enchendo a boca.
Era assim que o Aldíro conseguia extrair do Irê o melhor “hohoho” de papai Noel que já ouvi.
Rôo,rôo,rôo!
É, essa festa dessa cidade, faz a gente ver coisas.
Coisas que viveu e quer manter vivas, sempre, quando a cidade faz festa.


* Algumas observações*

Aldírio Simões - Jornalista - Figura conhecidíssima e carismática na Ilha de Santa Catarina. Faleceu em 2004. Além de diversos trabalhos como jornalista, era apresentador do programa de televisão "Bar Fala Mané".

Irê Silva - Amigo inseparável do Aldírio - linguajar espetacular, quase ninguém entende o que ele fala, porque além de falar rapidinho, rapidinho, como todos os manés, ainda fala mais rapidinho que todos. Fantástico! Mas a gente se esforça, e acaba entendendo, principalmente quando ele faz rôo, rôo, rôo!

Suquinho de Abacaxi

Olha o açaí...açaí geladinho!
Sanduíche natural...castanha de caju...
Cerveja geladinha!
Parece até eco! É um atrás do outro, em uma sinfonia única, onde eles vão entoando os acordes do verão.
A praia, sempre lotada, mas mais lotado ainda é aquele carrinho que vende sucos de abacaxi.
Sucos? Pois, sim!!!
E o vendedor não precisa nem gritar!
Estrategicamente posicionado! Quase dentro da água. Frutas diversas, coloridas, folhas...
Ta mesmo, bem bonito o carrinho dos sucos de abacaxi. Atrai olhares!
Visão de verão. De praia. Convidativa.
Mais convidativo é o que ele vende.
Cachaça!
Isso mesmo.
Misturada às frutas....delícia...
De verão.
Parece que o pessoal em férias, só quer mesmo é encher a cara.
Suquinhos de abacaxi...
Pois, pois!
Abacaxis!
Deveria se dizer que quando a vida corre às mil maravilhas é que está um abacaxi.
Um suco.
Dá até pra viver assim e ganhar dinheiro.
Vendendo suquinho de cachaça com abacaxi.
Duvida?
Dê uma chegadinha na praia!
O carrinho do abacaxi está sempre repleto.
De gente à volta, e olha que não é pra admirar o colorido.
Mas colorido, mesmo, estava o dia.
O céu mais azul, o sol mais brilhante, o mar, mais verde, a espuma, mais branca.
As ondas, dançantes...
A água salgada...doce tentação!
Hoje, me deixei levar pelas ondas da vida.
No meu penúltimo dia de férias, lembrei que a vida é uma festa, todos os dias, mesmo naqueles, em que me sinto um tanto esgotada.
E nesse dia de festa, me senti embriagada!
Uma rainha, merecedora até daquele suquinho, no final de tarde, à beira-mar.
E no dia seguinte, resolvi repetir a dose.
- Olá, gaudéria!
Puxa, fui reconhecida!
É que resolvi fazer coro àqueles que querem encher a cara no verão.
E até negociei o preço...
Final de tarde...final de férias
E aquele suquinho, de novo ali, tão tentador!
- Suquinho?
Sim, sim.
- Me dá um! Com tudo que tenho direito!
Vou eternizar esse momento, como uma foto.
E por falar em foto, sabia que tem turista batendo fotografia nesse cenário dos deuses?
Eles se posicionam bem à frente do tal carrinho, seguram o suquinho e...
- Olha o passarinho!
Mas, o passarinho que também anda marcando presença por aqui é bem real e até resolveu bater asas em cima das minhas pernas.
- Vou ter que me lavar, ainda bem que tem o mar!
Olhei para o mar, e me joguei.
Quando voltei a olhar para o céu, a lua já se insinuava, querendo se fazer presente a refletir no mar.
Mas o sol, insistente, ainda deixava seus resquícios. Alvos, brilhantes, a iluminar a espuma de cada onda estourada. Joguei os braços pra cima, como se quisesse eternizar o momento.
Como uma foto. E sem passarinhos, por favor!
Um momento único, precioso, a fazer da vida, sempre, sempre, uma festa, a ser vivida.